O local onde está edificada a cidade
de Simão Dias foi, no passado, uma povoação de índios fugitivos das expedições
colonizadoras do Governador do Norte, Luis de Brito e Almeida. Esses índios se
estabeleceram nas matas da margens do Rio Caiça.
As terras do
município constituem um relevo acidentado devido à presença de um conjunto de
serras, com altitudes que oscilam entre 200 a 750 metros. Isso favorece a
existência de uma vegetação menos vulnerável a estiagens típicas do sertão. As
zonas de terras entre Simão Dias e Paripiranga, município da Bahia, são formadas
por terrenos acidentados, onde é possível verificar a existência de matas
fechadas, devido à impossibilidade de cultivo de cereais e pastagens. Nessa
mesma zona, existem inúmeros sítios onde se cultivam árvores frutíferas e
culturas de subsistência.
Esse relevo
proporcionou aos índios que primeiro povoaram essa região um verdadeiro oásis,
frente ao sertão. Daí a origem das diversas denominações que constam em
documentos históricos, como: “Matas de Simão Dias”, “Matas do Coité” ou “Matas
do Caiçá”. Com a invasão holandesa em Sergipe, surge a determinação de conduzir
os rebanhos até as margens do Rio Real. No entanto Braz Rabelo, proprietário
baiano, que possuía rebanhos nas terras da atual Itabaiana, decide esconder seus
rebanhos nas terras das matas à beira do Rio Caiçá. Desse episódio é que surgirá
a figura histórica do vaqueiro Simão Dias, responsável pela condução do gado e
pelo surgimento das primeiras instalações que daria origem à cidade Simão Dias
passou da categoria de Vila para a de Cidade, em 12 de Junho de 1890, por
decreto do presidente do Estado Felisbelo Freire, sob o argumento que a mesma
possuía uma grande população — 10.984 pessoas, um comércio próspero, uma estrada
de ferro que ligava a referida Vila a Aracaju, bem como, a existência de uma
comarca recém criada. Com base nesses argumentos a Vila foi emancipada do
município de Lagarto. A estrada de ferro, que serviu como uns dos argumentos
para a emancipação política da antiga Vila, jamais foi concluída, restando hoje,
algumas escavações e bases de pontes por onde passaria as linhas férreas, que
permanecem abandonadas em fazendas da região.
O nome do
município é uma homenagem ao colono que remonta aos primeiros tempos da ocupação
do território sergipano. Trata-se de Simão Dias Francês, que nos anos de 1599,
1602 e 1607, juntamente com Cristóvão Dias e Agostinho da Costa, através de
requerimento, solicitaram a concessão de sesmarias na região. O último
requerimento, do qual o códice está no Instituto Histórico e Geográfico de
Sergipe, solicita “três léguas de terra em quadro” nas terras devolutas de
Itabaiana,, para a criação de gado. Felisbelo Freire que além de presidente do
estado foi também historiador afirma:
“Os terrenos
onde está edificada hoje (1891) a Vila de Simão Dias foram doadas a Simão Dias
Fontes, Cristóvão Dias e Agostinho da Costa”.(FREIRE: 1997, p..322).
No entanto a
tese sustentada pelo historiador Felisbelo Freire foi alvo de contestação pelo
Pe. João de Matos Carvalho, que tinha a intenção de homenagear o Comendador
Sebastião da Fonseca Andrade (Barão de Santa Rosa) pela construção do templo da
atual matriz de Santana. O Pe. João de Matos se aproveitou das contradições
encontradas nas várias teses sobre a origem da povoação, pois os documentos
históricos que falavam de Simão Dias, em cartas de doação de sesmarias, possuem
sobrenomes diversificados, além de solicitarem sesmarias em períodos diferentes.
Diante disso, para o Padre João de Matos Carvalho, havia a possibilidade de
existir dois personagens históricos com o mesmo nome. Na intenção de provocar
controvérsias e enfraquecer a tese de Felisbelo Freire, ele publicou uma obra
intitulada “Matas de Simão Dias”, na qual defende veemente a tese de que a
cidade teria se originado graças à doação de sua ancestral Ana Francisca
Menezes. O objetivo era levantar a dúvida sobre a versão histórica, bem como,
menosprezar a figura do vaqueiro e enaltecer a figura da sua ancestral, doadora
das terras onde foi edificada a primeira capela que originou a freguesia de
Santana de Simão Dias.
Antes de ter
“status” de vila, o atual município foi constituído como Freguesia, pela Lei de
6 de fevereiro de 1835, desmembrando-se da Freguesia de Lagarto. A capela que
motivou a sua criação data de 1655, conforme defende historiadores. No entanto o
único documento antigo sobre o assunto é de 1784. Devido ao progresso da
Freguesia o governo da Província baixou em 15 de março de 1850, o decreto que
elevou à categoria de vila com o nome de Senhora Sant’Ana de Simão
Dias.
Assim, o
município de Simão Dias, teve essa denominação desde a condição de freguesia e
vila. Mas o nome que homenageava o seu primeiro povoador permaneceu pouco tempo,
pois o intento do Pe. João de Matos Freire de Carvalho foi alcançado, e em 25 de
outubro de 1912, a cidade passaria a ser denominada como Anápolis, pelo Decreto
Lei de n° 621. Após muitas controvérsias e reações, principalmente da imprensa,
o nome de Simão Dias foi restabelecido pelo Decreto Lei n° 533, de 7 de dezembro
de 1944, favorecido pela determinação do Governo Federal, do então Getúlio
Vargas, que aprovou o plano do IBGE, coibindo a coincidência de municípios com
mesma denominação. Como existia um município goiano com o mesmo nome, e mais
antigo, a Anápolis sergipana teve que modificar o nome.
Quanto à
política, o município simãodiense teve uma longa fase de domínio oligárquico,
aonde o poder local era exclusivo aos grandes proprietários rurais. A práticas
coronelistas estiveram presentes nessa fase, sendo possível verificar resquícios
do coronelismo até os dias de hoje. No entanto a partir da década de 1930, é que
começa a decadência dos grandes proprietários na política local, devido às
mudanças ocorridas em decorrência da revolução, bem como, o fenômeno populista
desenvolvido a partir da década de 40.
Texto publicado no site da
Prefeitura Municipal de Simão Dias
Por Marcelo Domingos de Souza
Licenciado em História - Universidade Federal de Sergipe

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